"Se não te agradar o estylo,e o methodo, que sigo, terás paciência, porque não posso saber o teu génio, mas se lendo encontrares alguns erros, (como pode suceder, que encontres) ficar-tehey em grande obrigação se delles me advertires, para que emendando-os fique o teu gosto mais satisfeito"
Bento Morganti - Nummismologia. Lisboa, 1737. no Prólogo «A Quem Ler»

sábado, 31 de julho de 2010

Livros censurados



Frontispício do
Index Librorum Prohibitorum
(Veneza1564)

Este título evoca, de imediato, a lista negra do Index Librorum Prohibitorum onde figuram nomes como os de Erasmo de Roterdão, François Rabelais, Giordano Bruno, René Descartes, Thomas Hobbes, David Hume, Denis Diderot, Honoré de Balzac, Èmile Zola, Stendahl, Gustave Flaubert, Anatole France, Henri Bergson, Maurice Maeterlinck, André Gide, Jean-Paul Sartre entre muitos outros escritores infelizmente.


Denis Diderot

Por razões ideológicas, religiosas, morais, políticas ou, simplesmente, “bem-pensantes”, muitas foram aqueles  que puderam testemunhar este verdadeiro atentado contra a liberdade de expressão.


Gustave Flaubert

Esta “caça às bruxas” deu lugar à censura que ainda hoje sofremos, de uma maneira tácita ou não, e muitos livros viram-se retirados das prateleiras das livrarias ou mesmo impedidos de lá chegar por razões, por vezes, demasiado obscuras.


Stendhal (Henri Beyle)

Desde tempos bastante recuados que a Igreja achou que se devia pronunciar sobre o conteúdo dos livros e do direito para a sua publicação, tentando obviamente impedir o aparecimento de livros indesejáveis.

Para isso criou em 1559 o Index Librorum Prohibitorum (que coligindo títulos até 1966).


Giordano Bruno
(Gravura de C. Meyer de Paris sec. XIX)

Como já referi muitos foram os autores vetados. Perdurará na memória colectiva Giordano Bruno (que foi queimado vivo) e claro Charles Darwin, pois que também não poderia escapar à inclusão na famigerada lista por causa das suas ideias heréticas da teoria da evolução.


Charles Darwin

Este intróito vem a propósito de uma escolha curiosa de Libros censurados: la lista negra de la literatura em diversas partes do mundo e épocas, que a IberLibro  propõe no seu site.

Muitos de nós ficarão surpresos com as obras que vamos encontrar, pois muitos autores, cujos livros circulam hoje de uma maneira perfeitamente “inocente”, foram vítimas do escândalo e da reprovação.


Ray Bradbury – Fahrenheit 451
(Capa da 1ª edição)

Refira-se que Ray Bradbury, ao escrever Fahrenheit 451, uma história contra a censura, onde os bombeiros tinham a obrigação de queimar os livros e como se tentava iludir essa mesma perseguição, também seria vítima desta mesma censura... foi vetado!


IberLibro

Proponho a leitura desta lista da IberLibro, pois nunca é demais recordar o lado negro da cultura, seja ela ideológica, religiosa ou simplesmente “para defesa da boa moral”, que muitos de nós já sentimos enquanto cidadãos nos seus países.

Boa leitura e que o vosso fim de semana seja tão livre quanto gostaríamos que a liberdade de expressão continue a ser


Saudações bibliófilas.

2 comentários:

Galderich disse...

Leyendo el Índex Librorum Prohibitorum (título que inspiró el de mi blog...) lo que más sorprende no son las prohibiciones a libros literarios o científicos sinó la gran cantidad de libros religiosos en latín.

Es bueno recordar que por medio estuvieron estos ejemplos que comentas o la Enciclopedia Francesa, todo un insulto a la inteligencia. Suerte que lo dejaron de editar en los años 60 como comentas...

Rui Martins disse...

Galderich,

Penso nunca ser demais relembrar esta página negra da humanidade – a Censura.

Seja ela “oficial” por parte da Igreja, dos grandes ou pequenos ditadores que vão proliferando por esse mundo fora, ou ainda, e a mais grave de todas, por todos aqueles que de modo sub-reptício a vão exercendo sem que nós nos consigamos por vezes aperceber.

Esta página da IberLibro mostra como a censura foi implacável ... repara que lá vamos encontrar também um livro de S.ta Teresinha do Menino Jesus (como sempre nem os religiosos escapavam!).

Mas o mais grave é que estamos perante um conjunto de obras escritas, na sua maioria, no séc. XX ... espantoso!

Saudações